segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Cuca é o técnico. Minhas impressões...

O Flamengo continua o seu inferno astral no finalzinho da temporada 2008. Depois de entregar de bandeja a vaga na Libertadores 2009 e, por consequência, mandar embora o "técnico" Caio Júnior, o clube saiu no mercado, em busca de um nome consagrado para dirigir o time no ano que vem. Nomes como os de Carlos Alberto Parreira e Paulo Autuori, foram cogitados para o comando da equipe no próximo ano, mas com as recusas dos renomados e vencedores técnicos especulados à priori, restou ao rubro-negro o comandante do "BBB" - bom, bonito e barato -, o ex-rival, Cuca. Ferimentos leves...

Tenho a impressão de que, no final das contas, a definição da diretoria por Cuca foi acertada, pois o clube não vive um momento financeiramente esplêndido, a ponto de pagar salários astronômicos a Parreiras ou Autuoris. Logo a busca por um nome mais modesto foi uma sóbria decisão - o que contraria frontalmente os princípios lunáticos e megalomaníacos de Sir. Kléber Leite, o homem das bombas. Cuca é o técnico do planejamento, de início de temporada, de estudo de elenco e competições a serem disputadas, da simplicidade e, o mais importante nesse momento, DOS PÉS NO CHÃO. Dificilmente veremos o Flamengo anunciar um nome de impacto para integrar o elenco do ano que vem, isso porquê não é do feito do treinador trabalhar com estrelas, mas sim com operários, pinçados minuciosamente após análises de características e desempenhos recentes. No São Paulo, revelou Josué, Danilo e Graffite, jogadores que havia dirigido no Goiás e que, até então, não tinham muita repercussão no futebol brasileiro. No Botafogo, transformou jogadores como Joílson, Juninho, Leandro Guerreiro, Lúcio Flávio, Zé Roberto e Jorge Henrique, outrora jogadores de segundo, talvez terceiro escalão, em "top de linha" no mercado da bola.

Outro ponto que me agrada em cheio no novo comandante do Mengão, é o fato de que seus times jogam sempre para frente, jamais ficando "entrincheirados", levando sufoco de adversários às vezes até mais fracos. Quem aqui não se recorda do "carrossel alvinegro", que deu sucessivas aulas de como se praticar o chamado futebol arte? Se fizer o time do Flamengo jogar como aquele Botafogo do primeiro semestre de 2007, o treinador cairá facilmente nas graças da galera. Mas ele não pode esquecer dos pilares históricos, que acompanham sempre o rubro-negro: RAÇA, DISPOSIÇÃO, ENTREGA, CORAÇÃO, COMPROMETIMENTO, DETERMINAÇÃO!

Basta agora saber se ele terá a tranquilidade necessária para realizar seu trabalho, já que todos sabemos que no Flamengo há muito cacique para pouco índio. Muita gente ali metida a besta, que fica cornetando o trabalho dos técnicos do time. Além disso, tem também o aspecto técnico. Tenho quase 100% de certeza de que, se a diretoria trouxer os jogadores indicados por Cuca, o Flamengo tem tudo para fazer um bom ano de 2009, caso contrário... Fica aqui minha torcida por esse que eu considero, do ponto de vista tático e de planejamento de elenco, um dos melhores do nosso país!

SRN!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Balanço do ano... Horrível para a torcida!

O Flamengo iniciou o ano com perspectivas de vencer tudo o que disputasse e dado por "especialistas" como favorito, ou inserido no grupo de tais, para as competições das quais participaria. Campeonato Estadual, Taça Libertadores e Campeonato Brasileiro, a princípio - o vencedor da Libertadores jogaria também o mundial e a recopa - eram metas alcançáveis, já que o plantel flamenguista era, nominalmente, de fato muitíssimo bom, e isso enchia de esperança a imensa nação rubro-negra. Ledo engano e princípio das dores que a galera sentiria - injustamente - por toda a temporada!



O início da esperançosa caminhada veio com o Campeonato Carioca, que confirmou-se, ao seu final, como se esperava inicialmente. Na primeira fase, espancamentos brutais em equipes horrorosas. Nas semi-finais e finais, jogos emocionantes, mas fracos tecnicamente. O Flamengo sagrou-se campeão após bater por duas vezes o Botafogo nas finais. Obina, sempre ele, foi o grande nome da conquista, marcando três gols nos dois jogos. E a chama da esperança era mais alimentada nos corações rubro-negros...



Mas, como diria Carlos Drummond de Andrade, "havia uma pedra no meio do caminho". O técnico Joel Santana, que levara o time à Libertadores após uma arrancada tão impressionante quanto inacreditável no Campeonato Brasileiro de 2007, recebeu uma proposta irrecusável para treinar a seleção sulafricana, anteriormente dirigida por Carlos Alberto Parreira. Ali começaria a tragédia em preto e vermelho, começaria a agonia da mais maravilhosa e apaixaonada torcida das galáxias.



Antes de detonar o Bota, o Mengão foi ao México enfrentar o América, de Salvador Cabañas. Deu-se ao luxo de poupar jogadores como o lateral direito Leonardo Moura, que encontrava-se em excelente fase, inclusive integrando o plantel da seleção brasileira. O time jogou bem e venceu com autoridade e facilidade. Os 4x2 finais ficaram baratos para a equipe mexicana. Tudo parecia resolvido, uma vez que o adversário precisaria vencer-nos por 3x0 para se classificarem. Mas, como citado acima, veio a tal pedra no caminho do Flamengo, a tal proposta irrecusável a Joel e a diretoria, especializada em fanfarronice, armou um baita circo para a despedida do "papai Joel", como se naquele dia não fosse jogada uma partida decisiva para as pretensões do Fla na competição sulamericana. Dezenas de fotógrafos, placas em homenagem ao técnico, pedidos da galera de "fica Joel"... Enfim, um clima de festa se armou em um Maracanã com 50 mil rubro-negros, que esperavam, obviamente, uma fácil classificação às quartas-de-final. Com alguns jogadores inexplicavelmente "poupados", dentre tais seu norte em campo - o xerife e capitão Fábio Luciano - o time parecia completamente perdido no primeiro tempo e saiu perdendo, incrivelmente, por 2x0, em gols simplesmente inaceitáveis! Veio o segundo tempo e o time perdido se transformou em perdido, nervoso e afobado. Resultado: mais um gol mexicano no final da partida e o fim do sonho de maneira trágica e vexatória! E a galera sofrendo...



Joel se foi, veio Caio Júnior para o seu lugar e o time recuperou-se do vexame na Libertadores com um início arrebatador de Brasileiro: Líder em 10 das 12 primeiras rodadas, chegando a abrir 5 pontos de vantagem, em dado momento, para o vice-líder. E a galera reascendeu a chama da esperança na conquista do caneco nacional, que não ocorria havia 16 anos. Mais ilusão... No meio da disputa, o time perdeu completamente seu ataque, ficando, nesse período, sete rodadas sem vencer, somando dois pontos em vinte e um disputados. O Mengo despencou na tabela, caiu do primeiro para o sétimo lugar e viu o caneco tão sonhado se distanciar naquele momento. Mas ainda assim houve recuperação! Jogadores foram contratados para as posições abertas com as saídas de Souza, Marcinho e Renato Augusto, a equipe voltou aos eixos e à briga pela ponta. Contudo, aconteceu o que menos era esperado, o que nem no pior pesadelo de um rubro-negro acontece: o Maracanã, palco consagrador do Flamengo, foi testemunha de vexames imperdoáveis - derrotas para São Paulo, Cruzeiro, Vitória e Atlético MG, e empates contra Portuguesa e Goiás. O sonho do título acabou e a galera ficou com um baita de um nó na garganta, revoltada com jogadores e dirigentes, que sucumbiram no momento da decisão.



Esse ano foi o ano dos extremos na Gávea. Tudo esteve muito perto, mas terminou longe, frustrando sistematicamente, disputa após disputa, a fanática "Nação". Lições ficam: Não se ganha jogo antes de disputá-lo, não se disputa uma eliminatória de Libertadores em meio a uma festa sem sentido, não se ganha campeonato de ponto corrido sem planejamento, sem salário em dia, sem manutenção - ou reposição - do elenco e, o mais importante: A EUFORIA, QUANDO VINDA DO TOPO DA PIRÂMIDE, NÃO AJUDA EM NADA. MUITO PELO CONTRÁRIO, ATRAPALHA QUE SÓ!



Ficam aqui minhas saudações e desejos de boas festas aos leitores. E que 2009 possa ser mais glorioso - ou menos doloroso, pelo menos - para o nosso Mengão!



Boa Leitura!